quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

corações & neurônios

um coração que canta
vendo o barco partir
soluça ligeiro
des com pas sa do
como se soletrasse
a palavra saudade
numa gagueira pungente

o coração apertado
brame aflito
ruge, uiva, geme,
se escabela
quando percebe
que lá se foi
o que tanta falta fará

dias, anos, décadas
perecem e tornam mais brancos
os fios da teia frágil da vida
mistérios e reencontros
e de novo surge
a expressão rubra
e o bater acelerado
lá está
o coração
cheio de idéias,
não contente em ser bomba
quer virar neurônio
é, o coração é um babão
teimoso
insistente
e destemido
se esquece
que ainda há pouco
sofria ferido
agora já se acredita
impelido
a andar e errar
por novos velhos caminhos

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