domingo, 5 de abril de 2009

eu e meu pai

Em nossas caminhadas na areia
vemos o mundo do nosso jeito
o vento empurra pra longe
os entulhos da alma

o mar traz na espuma alegres canções
os passos certeiros, solidários
nos fazem mais próximos
e concordamos com aquilo que nos faz sermos um

se for para ir embora
ou na hora de chegar
tudo é igual quando o muito que há é saudade
por isso escorrem no rosto lágrimas de despedida
ao longe e de perto
foram muitas despedidas

cada vez que nos encontramos
de novo
é para isso que eu penso que o tempo passou
para que esse momento chegasse

abraços seriam inúteis se não fosse para repeti-los indefinidamente
para reparti-los com toda a gente
caminhamos na areia
desde que me lembro da primeira vez
quando a vida era mansa, ainda muito por fazer
andávamos deixando as sombras para trás
e alertando um ao outro dos perigos restantes.

e ainda andamos
em busca do tempo que se foi
e de um tempo que certo virá
de muitas e muitas caminhadas
dos nossos planos, lembra?
a cada fim e começo de ano?

a areia molhada nos traz
as palavras mais certas e cada definição do que a vida é
em nossa vã filosofia

acho que somos do mar,
homens do vento, da maré e do sal
o mar é um verbo imenso
de múltiplos significados
o mar se adapta e nos aceita, nos envolve
absorve o nosso suor
e nos alivia a sola dos pés
nos acarinha como os afagos de um pai
porque ele é eterno e infinito
como nossos espíritos
soltos, livres, meninos
de carona nas asas das gaivotas

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