sábado, 24 de outubro de 2009

Ao caminhar

para chegar ao estado de graça
é preciso penar, rasgar a roupa em espinhos,
doer e sangrar

trilhar os caminhos mais áridos
romper os calcanhares nas pedras, no barro
dissolver a culpa, derreter os erros,
dilacerar os pecados
apascentar o espírito

chegar lá
também é possível
pela vereda mais clara, aberta
e aparentemente sem os perigos de sempre
é preciso queimar o ego,
peneirar a poeira ilusória do tempo
lapidar as virtudes

manter-se firme no propósito
de pôr os pés a serviço
romper as correntes
não olhar para trás
caminhar, caminhar
ter a mente firme
e acreditar.

Para Joel, Evaldo, Bili, Cris, João, André, Bianca e Cari

as chaves do tempo
eu as perdi
deixaram de fazer sentido
ou servir para abrir um baú de lembranças
porque eu entendi que nós sempre estivemos juntos
embora a distância teimasse que não

que importa se envelhecemos?!
ganhamos algumas marcas e uns cabelos brancos!
mas continuamos com o mesmo sorriso
e aquela cara de paixão e surpresa...

os nossos caminhos entrelaçam velhos e novos sonhos
as nossas mãos se encontram para dizer sim
e as lágrimas, agora, chegam para regar um outro plantio
as sementes que brotam do encontro
no solo fértil da esperança

de todas as primaveras
esta trouxe as flores mais belas
e a luz para iluminar o que foi,
o que é e o que sempre será

armadilha

Estive na grande cidade
de mil descobertas
lá eu pude rever os amigos
sentir o cheiro do antes
trinta anos passam ligeiro
o tempo é uma lenda, que nos ilude por tradição
mas o coração é real,
quando nos encontramos
o amor é a imagem no espelho
e eu respiro aliviado
se já não posso ver aqueles que se foram
ainda tenho muitos para abraçar
o tempo é uma armadilha
que agora sabemos desarmar