domingo, 30 de outubro de 2011

Anjos do frio

Pedras antigas
e pés que caminham
sobre o gelo
saltos e sapatos
pisando meus trapos
jogados à rua
onde se fala uma língua estranha
não conheço a história
mas eu procuro estar
onde ela está
ou esteve
não conheço o amor
não sei onde ele se esconde
as pedras me falam de perto
o que aconteceu
ou o que virá
o céu insiste em derramar
suas chuvas de lágrimas
angelicais
mas eu não conheço os anjos
nunca vi algum
apenas procuro estar
onde eles estão
onde eu penso
que eles estariam
ou acredito que estarão
sou como aquele rio
que congela no frio
e sabe ser praia
no verão

sábado, 29 de outubro de 2011

fração

participo
sou parte
sou todo

quase perdão

Não faltou vontade
eu não soube me atrever
parei na metade
do que faltou acontecer

antes era sonho
um dia tentação
hoje enfadonho
samba canção

não foram as pernas
me faltou coração
nem cores modernas
nem revolução

foi pouco o caminho
mas não a diversão
um choro fininho
um quase perdão

Frio

A chuva se converte em frio
e o frio vai trazendo cheiros e saudade
Tudo está mudado
ou quase totalmente diferente
há um som no vazio
ruído intermitente feito turbina de avião
prefiro o chão
e uma cama e cobertor

sábado, 1 de outubro de 2011

Out

o tempo é outro
as folhas balançam nos galhos
atalhos de novos inventos
jornadas em que me atrevo
outubros imensos à frente

domar o medo
sem cordas pra amarrar
deixá-lo solto
por enquanto
sabendo o seu lugar

a rua se curva
ao meu cansaço
mas não é hora de parar
apenas seguir a ordem
de seguir as ordens do dia
outubro é presságio
de bons pensamentos
lugar de vencer