sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Meu irmão

A vida carece de intenção. Fazê-la de acasos, mas também de caso pensado, de determinação.
A vida supõe-se o coração a bater, diligente, mesmo quando não se cuida dele como deveria. Mas existe vida, também, sem coração. E até vida esquecida de viver. Mas este é um outro caso.
A vida, vida mesmo, entende-se plena no amor. E ele não é senão um piscar de olhos na eternidade viva do amar. Um mar que arrebata e atira ondas à praia, por mil milhares de vezes, sem cansar. Sem se importar se existe alguém na areia para ver.

Há quem defina amores de uma vida inteira, tão raros quanto claros exemplos de servidão. Amores são fogos acesos num caminho que é só escuridão. Tortuosos caminhos. E a vida é assim mesmo. Um escuro caminho de perdição, onde vamos acendendo tochas e tateando tantas vezes em vão. Vida, esse vão estreito por onde nos esprememos ao nascer: palavra criada para marcar o início dessa caminhada. Mas já chegamos a esse mundo nascidos de há muito.

Vida se perde, se ganha, mas ela é o maior presente que recebemos. Se assim o fizermos por merecer. A vida dura séculos, mas também se esvai num segundo. O ralo da morte é largo e profundo. E é só quando estamos ali, na beira, que talvez podemos sentir para onde vamos...

A vida me impele, agora, a dizer: eu te amo. Sempre foi, mas nem sempre foi dito; assim é repetidas vezes a vida. A gente se esconde no esquecimento de dizer. De se dizer vivo, de exercitar o amor que há dentro e fora das veias, estradas secretas e velozes da seiva que circula milhões de vezes por ali mantendo sinais e anunciando o pulso: discreta maneira de se definir que há vida.

Eu pensei te dizer tantas coisas, extensas carreiras de letras, mas é engraçada essa vida...como ela nos teve, como ela nos aproximou, nos uniu. Se não fôssemos irmãos, seríamos por certo... irmãos. Laços eternos que eu creio nesta e em outras tantas vidas. Eu queria que isto soasse todos os sinos da felicidade que, de certa forma, é o objetivo da vida. E hoje, eu posso dizer, com orgulho, que sinto e pressinto alguma forma de felicidade.

Toda forma de felicidade é fugaz. Viver é fazer delas tanto mais eternas quanto possível. Hoje, nós somos eternos, grandes, plenos do que tentamos e fizemos nesta jornada. E para mim isto se basta num forte abraço, num canto de amor pela vida.

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